quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Entrevista: Fred Paredes



Por meio de estímulos corporais é possível ter outra postura diante do mundo, promover mudanças de atitudes e comportamentos. Essa é a proposta do bailarino e coreógrafo Fred Paredes, que esteve presente no segundo encontro do projeto Intercâmbios Juventudearte, como convidado. Não é a primeira vez que integra iniciativas do Programa Juventude Transformando com Arte, coordenado pelo Centro de Estudos de Políticas Públicas (CEPP), e a possibilidade de entrar em contato com expressões culturais muitas vezes invisíveis na nossa sociedade é algo que o estimula a continuar investindo nessa parceria.

Você propôs atividades corporais para os jovens. De que forma essas atividades potencializam os objetivos do projeto?

Fred Paredes - A minha proposta foi trazer a experiência corporal, a vivência do corpo, para desarmar os condicionamentos. O meu interesse é que o participante possa se servir de uma escuta corporal para poder se recolocar, mudar de atitude. Eu crio situações com as quais não estão acostumados, crio provocação. Achei um barato a experiência. Esses jovens são muito vivos, têm uma potência de vida muito forte.

O que mais chama a sua atenção na proposta do projeto Intercâmbios Juventudearte?

Fred Paredes - A iniciativa vai promover a circulação de moradores de comunidades em diferentes favelas. Há uma situação de poder que se modifica. O Brasil tem uma vocação de encontro, de cultura partilhada. Acho importante toda iniciativa que resgate as pessoas de situações que impedem esse encontro.

E essa circulação possibilitará o reconhecimento de iniciativas culturais pelos jovens...

Fred Paredes - Os jovens geralmente se posicionam de acordo com os padrões da sociedade. São condicionados a pensar que não são agentes culturais, que a cultura está fora. O projeto irá ajudar que se reconheçam como agentes de cultura, a quebrar um pouco os lugares pré-definidos do que é cultura. O projeto está provocando o questionamento, está promovendo o bom estranhamento ao colocar pessoas de diferentes comunidades juntas, fazendo com o que os jovens vejam que há divergências e pontos em comum com seus pares de outras comunidades.



Essa não é a primeira vez que trabalha com o Programa Juventude Transformando com Arte. Na 3a Mostra Brasil, realizada no Rio de Janeiro, em 2010, você foi curador e diretor artístico da noite da dança. Como foi a experiência?

Fred Paredes – Entrei em contato com projetos de qualidade feitos em todo o Brasil. São diferentes estéticas, referências culturais. Há o frescor do que ainda não está encaixado em um ‘esquemão’, uma potência de expressão cultural no Brasil muito forte. Foi muito interessante promover o encontro de pares, integrar os grupos e dar visibilidade a esses grupos.

Fotos: Klebeandeson Duarti

Saiba mais sobre a Mostra Brasil.

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