sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Rumo ao levantamento de informações para mapa cultural de comunidades do Rio


Diferentes parceiros estão unindo esforços e metodologias para que jovens de três comunidades do Rio de Janeiro – Cabritos/Tabajaras (Copacabana), Providência (Centro) e Salgueiro (Tijuca) – entrem em contato com informações necessárias para construir, de forma participativa, um mapa cultural dessas localidades.


O Centro Internacional de Estudos e Pesquisas Sobre a Infância (Ciespi), com grande experiência em trabalhos de mapeamento em comunidades, tem um importante papel no projeto: descobrir junto com os jovens a melhor forma de levantar as iniciativas culturais que serão divulgadas no mapa. Que pessoas, locais, saberes, fazeres, projetos, manifestações, artes serão mapeados? Como conduzir entrevistas com moradores das comunidades para coletar informações sobre cada uma delas?

Em entrevista, os pesquisadores do Ciespi Marcelo Princeswal e Nathércia Lacerda falam desse processo e da importância do projeto.

Chegamos ao terceiro de nove encontros do projeto Intercâmbios JuventudeArte que terá como resultado final a criação de um mapa cultural de três comunidades do Rio de Janeiro. Vocês já conseguem visualizar como será esse produto final?

Marcelo Princeswal: Estamos abertos para o que pode surgir no decorrer dos encontros, para o processo. O mapa é o produto final. Os jovens vão produzir algo que ainda não sabemos muito bem. Será que vão subverter a ideia de mapa? O que é mais representativo para eles? Vamos trabalhar junto com eles no sentido de fazer com que o mapa expresse isso.


Nathércia Lacerda: O mapa será uma construção conjunta, fruto de uma troca. Devemos produzir um mapa de cada lugar, como tudo isso vai se concretizar ainda não sabemos. Vamos pensar a cidade nos debruçando com esses jovens sobre as três comunidades. Estamos falando do Rio de Janeiro, reconhecendo o Rio de Janeiro.

Qual a importância de um projeto como esse?

Marcelo Princeswal: O projeto possibilita que esses jovens se coloquem no lugar de construtores de suas histórias. Eles estão construindo um pedaço da história. Esse processo é tão rico que deveria ser estendido a outras pessoas. Deveria ocorrer independente da criação de um mapa. Uma criança ou jovem que mora na Zona Sul, por exemplo, de classe média, também poderia fazer esse exercício de reconhecimento de onde vive.

Nathércia Lacerda: Há o perigo da história única. A história é dinâmica. Cada um conta de uma forma.


No 3o encontro, vocês iniciaram o trabalho de reconhecimento territorial a partir dos mapas oficiais das comunidades, como foi isso?

Nathércia Lacerda: Eles se divertiram quando apresentamos o mapa oficial das comunidades deles. ‘Olha a minha casa! Isso não existe mais, é antigo.’ Havia também uma estranheza. ‘Achava que esse lugar era perto daquele.’ Nessa atividade, os jovens fizeram uso das informações que vêm levantando desde que o projeto iniciou e começaram a dar forma a elas para a criação de um produto, o mapa. Começaram a organizar, marcar o contorno do mapa e apontar nele pontos culturais.


Marcelo Princeswal: Esse primeiro contato com um mapa gráfico inicia uma apropriação do espaço onde se vive. Foi muito interessante a visão de que o mapa oficial estava desatualizado, ver as mudanças que ocorreram nas localidades: ‘Essa área não é mais aqui’. ‘Esse campo agora é de grama sintética’. Eles ainda vão caminhar, identificar os lugares que existem, conversar com as pessoas. É um redesenho de suas comunidades.

Nathércia Lacerda: A ida a campo vai ressignificando. Cada passo ressignifica. Primeiro entraram em contato com o mapa plano, depois vão caminhar nas comunidades. O desenho que fizeram hoje vai se transformar a partir das caminhadas. Acredito que as caminhadas vão integrar e possibilitar que entendam melhor o lugar onde vivem.

Fotos: Vinicius Ladeira e Klebeandeson Duarti

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