terça-feira, 1 de novembro de 2011

Entrevista: Pedro Jorge Olímpio de Souza

Seu Pedro é morador do Salgueiro há 53 anos, ou seja, toda a sua vida. Seu bar, o Cantinho do Papai, é um dos pontos que estará presente no mapa cultural dessa comunidade, localizada na Tijuca, Zona Norte do Rio. O estabelecimento, herdado dos pais, tem história na favela. Segundo ele, os avós dos jovens do Salgueiro que participam do Projeto Intercâmbios Juventudearte já frequentavam o lugar, o único que oferecia um “bailezinho”.




Como vê a iniciativa de criação de um mapa cultural da comunidade do Salgueiro?

Pedro Jorge Olímpio de Souza: Acho legal, muito bom. Eu sou antigo aqui, então conheço muita coisa. Os jovens pensam que sabem, mas não conhecem. Tomara que leiam esse mapa e incentivem as crianças e pré-adolescentes a conhecerem mais a comunidade.

E o projeto estimula também o intercâmbio entre jovens de diferentes comunidades. Além do Salgueiro, existem jovens da Providência, no Centro, e do Morro dos Cabritos/Tabajaras, em Copacabana.

Pedro Jorge: Os jovens do Salgueiro precisam conhecer pessoas de outras comunidades, interagir, bater papo, conhecer outros espaços. Esse trabalho que esses jovens estão fazendo é muito bonito. Eles estão fazendo algo pela comunidade, interagindo. Isso tem que continuar. Eu desejo que, a partir disso, outras coisas ocorram. Eles têm que aproveitar essa oportunidade de estar em grupo para realizar iniciativas.

O que acha do seu bar estar sendo apontado como um dos pontos culturais do Salgueiro?

Pedro Jorge: Ótimo! Vejo como algo muito positivo para o meu estabelecimento. Amanhã ou depois eu posso fazer algo mais sofisticado, colocar na Internet, no Orkut. O meu bar era da minha mãe. Os avós desses jovens que participam do projeto já frequentavam. Sempre foi um ponto de encontro. Era o único que tinha um bailezinho.

Acredita que a participação de jovens de comunidades em um projeto como esse provocará transformação na visão que têm do local onde vivem?

Pedro Jorge: Sim, transforma. Tem muitos aqui que não conheciam a história do Salgueiro. Hoje estão sabendo através de conversas com pessoas mais velhas para o projeto. Eles estão abrindo a mente.

Existem muitas ações culturais no Salgueiro?

Pedro Jorge: Tem o bloco Raízes, que existe há mais de 16 anos. Com o mapa, as pessoas de fora poderão chegar. Tem o Caxambu, que foi trazido para o Salgueiro pelo meu pai. Minha avó, que foi filha de escravos, falava muito da roda de Caxambu. Quando o meu pai faleceu, parou. Há mais ou menos 10 anos, o Caxambu voltou para a comunidade, através do Rogerinho do Salgueiro. Muitas das senhoras que participavam na época do meu pai voltaram a dançar. E há jovens também. O Caxambu costuma acontecer na quadra do bloco Raízes, quando há algum evento. 


Foto: Ratão Diniz

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