



DeDeus MC: www.myspace.com/dedeusoficial
Tarja Preta: www.myspace/tarjapreta2008
Texto: Israel Neto
Fotos – DeDeus MC: Leandro Reis
Odisseia das Flores: Arquivo Pessoal
Tarja Preta: Joyce Fernandes
Yasmin Thayná
Em fevereiro (2011), fiz um MiniCurso de Teoria e História do Cinema ministrado pelo diretor da Associação Paraense de Jovens Críticos de Cinema - Miguel Haoni. No primeiro dia de curso, vi uma imagem que remetia totalmente ao meu passado. Quando pequena, a avó usava um pente de madeira e um frasco de desodorante líquido para fazer a mistura que amansava a minha juba de leão: água com creme. Qualquer creme para cabelo crespo. Lembro que o pai comprava um kit na loja de cosméticos que misturava um monte dessas vitaminas, mas não adiantou muita coisa. Era só pra disfarçar. O momento em que eu sentava no colo da avó era o mais feliz do dia para os animais que viviam presos dentro dos meus emaranhados capilares. Ela soltava o prendedor e o pente de madeira penetrava nos fios que o pai sempre insistiu em dizer que eram finos. A parte úmida do processo era o frasco de desodorante que continha uma forte mistura altamente química que fazia, milagrosamente, todos os bichos da selva adormecerem até a manhã do dia seguinte. Tive a ideia de um curta. Cheguei em casa às nove da noite e fui atrás de meninas que pudessem participar do curta no dia seguinte no sol das 13 horas. Consegui. Disse pra minha avó da minha intenção, ela topou fazer parte. Considero um vídeo arte. Eu narro a história em voz over do pote de creme enquanto minha avó penteia o cabelo da menina com cabelos crespos e pele morena como a minha. Foi ótimo. Fiz o curta em 30 minutos. O vídeo arte "Frascos de Perfume" tem 4 minutos com argumento, roteiro, edição e montagem minha. O elenco conta com uma menina que consegui aqui na rua Nathália de Oliveira e a avó Zilda Machado. O pai, Osmar Machado, foi o produtor. Ele ficou orgulhoso de ver o meu interesse em estar produzindo audiovisual. O pai nunca impediu que eu e meus dois irmãos lêssemos. Pelo contrário, penso que todo esse interesse artístico nasce em 1997 quando o pai decide espalhar livros infantis pela casa e dedica o seu tempo a ler a todo instante na nossa frente. E isso foi definitivo para o meu grande interesse por livros, principalmente pela cultura popular do país.
Frascos de perfume
FIM
Os capítulos de Puro Envolvimento por Yasmin Thayná se encerram, mas apenas aqui no blog. Quem quiser acompanhar os próximos videos da Thayná, pode segui-la no twitter: @yasmin_thayna e no site www.culturani.blogspot.com onde é colunista.
Yasmin Thayná
Alguns dias depois (do prêmio do Apalpe), dirigi um curta-metragem que apresenta o calçadão de Nova Iguaçu do ponto de vista do trabalhador. Essa produção já foi com o coletivo de cinema Sagaz Filmes. Eu dei o argumento e dirigi. O filme é de guerrilha. Foi feito na câmera digital, o tripé que eu tenho, as autorizações de imagem e som, prancheta, caneta na mão e ideia na cabeça. Saímos pedindo a participação dos iguaçuanos. Levamos muitos "nãos," o que aprendemos na aula de produção da Marina Santonieri. Mas levamos muito mais "sim," o que deu a possibilidade da realização do filme: Prazer, meu nome é Nova Iguaçu.
A Sagaz Filmes veio com tudo em 2011. O coletivo é formado por Yasmin Thayná, Saulo Martins, Carlos Camacho, Jhonny Rocha, Natália Magalhães, Danis Heringer e Marcelle Abreu. Estamos com a ideia de filmar durante 20 dias em 20 cidades diferentes esse ano ainda. O nosso próximo vídeo-arte partirá de uma ideia que eu tive de fazer debaixo d'agua e o Saulo desenvolveu a ideia após ter visto uma máscara de carnaval em uma loja na Uruguaiana e um terno numa vitrine de roupas sociais masculinas. E a ideia é desenvolver a liberdade debaixo d'agua. Em breve, se Deus quiser, no festival de Sergipe no final desse ano e, quiçá, em muitos outros. Eu quero um filme com roteiro, direção, direção artística ou produção minha passando no Iguacine desse ano! Além disso, a ideia da Sagaz Filmes é fazer filmes sem roteiro. Saimos para filmar numa cidade desconhecida. Se não tem nada de interessante, a gente cria uma situação, já que temos 2 atores profissionais conosco. Mas produzimos filmes com roteiro também. A ideia principal é fazer o nome valer a pena: usar essa sagacidade que está dentro de mim contagiar os outros membros e utilizarmos dessa malandragem pra produzir o audiovisual geográfico. Esse negócio de cinema geográfico nasceu de um conversa fiada bem sagaz com a geógrafa Isabel Garcia de Fortaleza, que tive o privilegio de conhecer em São Paulo. Falávamos de cinema geográfico e ela disse que ia se especializar em Mapas. Já “linkei” e disse que será a sagacidade dela que produzirá tudo que estiver ligado a pesquisa regional. Ela já topou. E eu, que adoro o nordeste, adorei isso.
A próxima produção será "quem foi que disse que isso é coisa de menino?" É um DocFic cujo argumento e roteiro são meus. A Sagaz Filmes vai produzir junto com os jovens da periferia de Nova Era. O curta tem a intenção de eliminar essa ideia de que pipa, bola de gude e essas brincadeiras de férias são coisas de menino. O foco é um conto que eu fiz que se chama "crianças" publicado no culturaNI e também a relação que eu vejo na roda de amigas que já soltaram pipa. Até eu mesma já soltei pipa e sempre me disseram que era coisa de menino.
Yasmin Thayná
Em dezembro de 2010, escrevi um roteiro que vendi para os alunos de animação da Escola Livre de Cinema. Marina Gomes, que era minha amiga de antes, aceitou animar. O roteiro Guia da Periferia Afetiva nasceu como uma impressão. Eu li o livro em 3 horas de uma tarde que fazia calor no apartamento que morava. Sentei na varanda de frente para uma janela que dava visão para o lindo céu de Nova Iguaçu que era enfeitado, da altura que estava, por dois pombos que haviam pousado sobre um fio de luz. A minha primeira impressão sobre o roteiro: Faustini comeu histórias e absorveu ideias. Video Arte na certa. A primeira ideia era um menino comendo as regiões do mapa. A segunda era já a formação de um corpo humano a partir dos bairros que fizeram parte de sua formação profissional e pessoal. Marina decidiu fazer um stop motion. Ela enviou pro meu e-mail o story board e eu adorei. A primeira versão foi feita no corpo do meu irmão, Junior Machado, na minha casa. Ficou rápido demais. A segunda versão, foi feito na casa de Marina Gomes no corpo do primo dela. Não pude participar do dia e a Milena Manfredini fechou parceria com a gente para fotografar o video arte. Ficou rápido demais. A terceira versão foi no corpo da Marina Gomes. Eu fiz as fiz as letras com tinta a guache e cuidei da escaleta. Milena fez a produção, a pós produção e montou o filme, de certa forma. Ela montou a sequencia de fotos, escolheu a trilha e entregou o material bruto e editado para o editor Clayton Leite - professor de animação da Escola Livre de Cinema. Ele adicionou os créditos e teve que montar a sequencia novamente por um erro.
Em Janeiro de 2011, o Sarau do Apalpe, realizado na Cia dos Atores na Escadaria da Lapa, reuniu todos os vídeos feitos da Escola de Cinema. A banca foi formada por cineastas conceituados: Ivana Bentes, Carlos Alberto Mattos e Luis Carlos Nascimento.
No dia seguinte, teve o primeiro programa de auditório do Apalpe. Foi anunciado o prêmio: Guia da Periferia Afetiva:
O mais legal de tudo é que não fizemos o vídeo pensando no prêmio que ganharíamos. A Manfredini trabalha na produtora do Cinema Nosso, na Lapa, e tem uma visão para arte sensacional. A Marina Gomes também. Tem até um blog lindo que é baseado no programa recorte cultural. A equipe foi formada por um meio em comum: a arte.
Ainda em setembro de 2010, fiz prova para a Cufa que estava oferecendo uma extensão na Escola de Comunicação da UFRJ. O "Mão na Cabeça" é um projeto que visa a junção dos policiais com os civis. Passei novamente. A turma é composta de 60 alunos, sendo eles 30 civis e 30 militares. No final desse curso, em 2011, será produzido um longa e dois curtas: um com a visão dos militares outro com a visão dos civis em cima de um mesmo assunto. O longa vai ser o processo desses dois olhares. Conheci pessoas incríveis. A primeira aula foi o Cacá Diegues quem deu. Juntei-me ao grupo do centro do Rio de Janeiro e da zona sul, já que o grupo da Baixada tinha um número muito reduzido de membros. O professor de roteiro, Rafael Dragaud - roteirista do programa Amor & Sexo da globo - me ensinou importantes caminhos de como se escreve um roteiro.Em outubro de 2010, Valdomiro, que fez curso de roteiro comigo na Escola Livre de Cinema, me convidou para fazer parte da equipe do cineclube do SESC. Virei cineclubista.
Novembro de 2010, Julio Ludemir - coordenador do Jovem repórter - me convidou para fazer parte do projeto "memórias do cárcere" na 52ª DP de Nova Iguaçu. A ideia era resgatar as memórias dos encarceirados de lá, além de dar continuidade ao Cine Carceiragem que era realizado pelo Marcelo Yuka. Resgatamos, de forma audiovisual, as histórias que eles se dispuseram a contar a partir de um dispositivo. Toda semana tinha um tema. Atuei também como repórter e uma antropóloga curiosa em busca, somente, de entender, de fato, o que é o ser humano dentro de um pátio onde 150 dormem e 150 ficam em pé esperando 12 horas se passarem para que eles possam dormir. Além disso, estudei a estética do crime organizado nos muros da cidade, o filme da Lúcia Murat, o roteiro do Julio, os livros dele sobre o crime e tudo que ele me contava sobre a sua experiência jornalística totalmente voltada a esse tema. Aprendi muito com Ludemir e ainda continuo aprendendo. Ajudei a dirigir o curta a distância "Imagem eleita." Sete pessoas contribuíram para a ideia de Josy Antunes mostrando sobre o processo de eleição no Rio de Janeiro. O curta falava da sujeira, do amor que as pessoas tem em trabalhar pro candidato que acreditam em mudar a região. Enfim, é um curta que exerce um olhar geral sobre a propaganda política, que vai muito mais além do que entregar papéis.